Minha Querida Inês
A linda Inês continua posta em sossego no transepto do Mosteiro de Alcobaça, ao lado do seu príncipe desencantado. Contempla a eternidade com os olhos focados além das nervuras do teto ogivado. Aos seus pés, perante a imagem de pedra do julgamento das almas, foi depositada uma nova homenagem. A sua autora, Margarida Rebelo Pinto, juntou-se aos que viram no esquema da história de Pedro e Inês a possibilidade de compor uma narrativa excitante. Desta feita, a história é contada nos últimos dias da vida de Inês; pela própria Inês, cujas reflexões são a respiração ansiosa de uma mulher cheia de desejos, saudades e receios; e por Guiomar, a possessa, uma mulher internada no hospício contíguo ao palácio da rainha, que observa e antecipa o drama de Inês como o coro de uma tragédia.
Deixamos aqui as palavras da autora:
«A minha Inês é uma mulher corajosa e apaixonada que fala sem pudor da sua vida íntima e da sua visão do amor, da família, de Deus e do mundo.
»Inês morre por amor. Se foi a “ruça que queria roubar o reino” ou apenas vítima de uma intriga política, nunca o saberemos. A Inês que aqui vos deixo é uma mulher inteira, de carne e osso, com cabeça, coração e estômago, que sente e pensa à frente da sua época e, por isso, sábia e intemporal.»
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