segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Livro do mês - Janeiro de 2013




O Feitiço da Índia narra a presença indiana de três portugueses, pertencentes à mesma árvore genealógica, em diferentes momentos da nossa história. Começamos em Lisboa com José Martins, salvo da forca no último instante e que parte como “degradado” na armada de Vasco da Gama, onde se torna num médico imprescindível, apesar de não ser diplomado. É ele o primeiro português a pisar solo indiano, numa viagem de prospeção onde uma vez mais consegue fintar uma morte que para muitos seria certa; há também a história de Augusto Martins, o único português não luso-indiano que decidiu permanecer em Goa após a invasão das tropas indianas quando corria o ano de 1961; e, por último, seguimos os passos do narrador desta história, descendente de José Martins e filho de Augusto Martins, que após o reatamento das relações entre Portugal e a União Indiana parte para a Índia à procura do seu pai, remetido a um silêncio eterno desde que havia deixado a pátria lusitana.

Nesta travessia de gerações, cada uma caída num feitiço inquebrável que conduz a uma imensa paixão, é-nos apresentado um retrato apaixonante de Goa e da cultura indiana, da presença portuguesa que começou por ser dominadora e se veio a tornar acessória, e uma visão dos Descobrimentos que, ao mesmo tempo, consegue ser muito crítica e apaziguadora. A adenda final, um pesadelo póstumo, pode ser lida como o fim do Império. Aqueles que prefiram um sonho mais tranquilo podem decidir que o livro havia terminado algumas páginas atrás.


Miguel Real é o pseudónimo de Luís Martins, nascido em 1953, que conquistou em 2006 o Prémio Literário Fernando Namora com o romance A Voz da Terra.
 É licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa e mestre em Estudos Portugueses pela Universidade Aberta, com uma tese sobre Eduardo Lourenço.
Estreou-se no romance, em 1979, com O Outro e o Mesmo, com o qual viria a ganhar o Prémio Revelação de Ficção da APE/IPLB. Em 1995, voltou a ser distinguido com um Prémio Revelação APE/IPLB, desta vez na área de Ensaio Literário, graças à obra Portugal - Ser e Representação. A partir de 2003, com a novela Memórias de Branca Dias, passou a escrever simultaneamente um ensaio e um romance para evitar incluir teoria (filosófica, principalmente) na ficção.

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