O Feitiço da
Índia narra a
presença indiana de três portugueses, pertencentes à mesma árvore genealógica,
em diferentes momentos da nossa história. Começamos em Lisboa com José Martins,
salvo da forca no último instante e que parte como “degradado” na armada de
Vasco da Gama, onde se torna num médico imprescindível, apesar de não ser
diplomado. É ele o primeiro português a pisar solo indiano, numa viagem de
prospeção onde uma vez mais consegue fintar uma morte que para muitos seria
certa; há também a história de Augusto Martins, o único português não
luso-indiano que decidiu permanecer em Goa após a invasão das tropas indianas
quando corria o ano de 1961; e, por último, seguimos os passos do narrador
desta história, descendente de José Martins e filho de Augusto Martins, que após
o reatamento das relações entre Portugal e a União Indiana parte para a Índia à
procura do seu pai, remetido a um silêncio eterno desde que havia deixado a
pátria lusitana.
Nesta
travessia de gerações, cada uma caída num feitiço inquebrável que conduz a uma
imensa paixão, é-nos apresentado um retrato apaixonante de Goa e da cultura
indiana, da presença portuguesa que começou por ser dominadora e se veio a
tornar acessória, e uma visão dos Descobrimentos que, ao mesmo tempo, consegue
ser muito crítica e apaziguadora. A adenda final, um pesadelo póstumo, pode ser
lida como o fim do Império. Aqueles que prefiram um sonho mais tranquilo podem
decidir que o livro havia terminado algumas páginas atrás.
Fonte: http://www.ruadebaixo.com/%E2%80%9Co-feitico-da-india%E2%80%9D-miguel-real.html (texto adaptado)
Miguel Real é o pseudónimo de Luís
Martins, nascido em 1953, que conquistou em 2006 o Prémio Literário Fernando Namora
com o romance A Voz da Terra.
É licenciado em Filosofia pela
Universidade de Lisboa e mestre em Estudos Portugueses pela Universidade
Aberta, com uma tese sobre Eduardo Lourenço.
Estreou-se no romance, em 1979, com
O Outro e o Mesmo, com o qual viria a ganhar o Prémio Revelação de
Ficção da APE/IPLB. Em 1995, voltou a ser distinguido com um Prémio Revelação APE/IPLB,
desta vez na área de Ensaio Literário, graças à obra Portugal - Ser e
Representação. A partir de 2003, com a novela Memórias de Branca Dias,
passou a escrever simultaneamente um ensaio e um romance para evitar incluir teoria (filosófica, principalmente) na ficção.
http://www.infopedia.pt/$miguel-real (texto adaptado)
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