Livro
do Mês
Abril de 2013
Uma noite não são dias
Autor: Mário Zambujal
Referência: 2011, Editora Planeta, Lisboa
Páginas: 384
Foto de Mário Zambujal, 2012
– fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Zambujal
Em Uma noite não são dias somos transportados
a um retrato possível do mundo na segunda metade do século XXI. Ficção
científica com humor? História burlesca alternativa? Fábula para adultos?
Profecia de uma vida confortável e sem rumo?...
Como
acontece em outras obras de fantasia, os mundos imaginários são um projeção da
realidade em que vivemos, um extracto concentrado dos problemas e das dúvidas
que vivemos no quotidiano. Os personagens da fantasia são transposições das
pessoas dos nossos mundos. Colocando-os em situações mais ou menos diferentes,
os autores mostram-nos faces de nós mesmos que nem sempre gostamos de encarar,
riem-se do teatro que montamos para nós próprios e no qual chegamos a creditar
— terá havido alguma época em que as pessoas não falavam mal umas das outras?
Até que ponto é inaceitável um casamento com três cônjuges? Ainda alguém se
espanta por haver senhores muito ricos que enganam os outros para ficarem ainda
mais ricos?...
Excerto:
«— Olá,Grace.
»São os vizinhos do quadragésimo oitavo,
apartamento LN. Três: o advogado Túlio Carolino e suas mulheres, Silvana
Lutécia.
»Tornaram-se banais, neste novos tempos, as
ligações a três. E se Túlio tem duas parceiras, dona Teodorina, moradora em
frente, dispõe de uma dupla de prestáveis maridos. Correm rumores de que os
sova com um cinto cravejado de caricas de cerveja mas não é certo.
Estranhamente, nestes meados do século XXI, Portugal transformou-se num lugar
de boatos e maledicência. Os mais velhos dizem ter saudades das épocas em que
ninguém dizia mal de alguém. Agora é o que se vê (…) Uns dias antes
comentava-se que a ministra dos Cofres do Estado passava demasiados
fins-de-semana em Xangai. Com quem? — era a maldosa interrogação. Nem tudo,
porém, são notícias de fediver. Um naipe de banqueiros, gente de primeira fila
social, é acusado de depósitos excessivos nas suas próprias contas e senhores
de fortunas gordas vêm os seus nomes badalados pela suspeita menor de golpearem
o fisco.»
Mário
Zambujal fez carreira como jornalista, tendo trabalhado em vários jornais
famosos no seu tempo: O Século, Se7e, Tal & Qual, e 24 horas. Para além
destes, trabalhou no Record, no Diário de Notícias, na Rádio Comercial e na
RTP.
Em 1980
publicou Crónica dos bons malandros,
a primeira das suas, até agora, onze obras de ficção.
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