Revista VISÃO (versão digital)
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
terça-feira, 19 de novembro de 2013
sábado, 13 de julho de 2013
quarta-feira, 12 de junho de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
sexta-feira, 10 de maio de 2013
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Livro do Mês - Maio
Livro do Mês
Maio de 2013
O sorriso de Mona Lisa
Autor: Pedro Teixeira Neves
Referência:
2008, Editora Deriva,
Porto
Páginas: 125
O sorriso de Mona Lisa é um livro de contos que se
organizam em redor de dois grandes temas: as artes plásticas, que nos enchem de
espanto, e a sociedade, cheia de cicatrizes.
Cada conto é um pequeno mundo em que, subitamente,
caímos. A ação é-nos servida muito concentrada. O sabor de cada gesto e de cada
palavra é intensificado. É difícil atravessar o campo de minas dos significados
explícitos ou implícitos sem detonar algum. O universo, condensado no exíguo
espaço de poucas páginas, destabilizado pela ironia, espera o momento do seu big bang.
Excerto:
«Há quem se queixe. Há
quem saia para a rua fazendo desfilar a sua indignação ante a injustiça que é
estarem a tirar-lhes os empregos. É fácil apontar o dedo. Quando as culpas não
são de Bruxelas, são do outro. O Outro, esses, o emigrante, o clandestino, os e
negros e os árabes que nos vêm roubar os empregos. Matam-se nas terras deles e
depois vêm para cá pôr tudo de pantanas, ameaçar a nossa santa e cristã
terrinha. Há quem esqueça, há também quem esqueça os séculos de exploração a que
aqueles que agora apontam os dedos submeteram e condenaram os antepassados
desses emigrantes. Há quem tenha a memória curta, demasiado curta (…).» (p.102)
Cursou Relações Internacionais.
Jornalista desde 1994, passou pelo «Semanário», revista «Arte Ibérica», «Agenda
Cultural de Lisboa» e revista «Magazine Artes», publicação que fundou e dirigiu
desde 2001 até 2008.
Desde sempre, nessas publicações,
tem escrito sobre livros. No campo da Literatura, e enquanto autor, publicou o
romance Uma Visita a Bosch (Temas e
Debates), o livro de poesia Chiasco
(Quasi Edições), os livros infantis Histórias
Tais, Animais e Outras Mais e Histórias
de Patente, com Tenente e Outra Gente (Caminho), o livro de contos O Sorriso de Mona Lisa (Deriva) e o livro
juvenil Amor de Perdição (adaptação
do título homónimo de Camilo Castelo Branco — Quasi Edições).
Alimenta o blog
http://pedroteixeiraneves.wordpress.com
Fonte da nota biográfica: http://www.pnetliteratura.pt/membro.asp?id=12
Foto: http://derivadaspalavras.blogspot.pt/2010/06/asclepio-o-cacador-de-eclipses-pedro.html
Foto: http://derivadaspalavras.blogspot.pt/2010/06/asclepio-o-cacador-de-eclipses-pedro.html
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Livro do mês - Abril 2013 - Uma noite não são dias
Livro
do Mês
Abril de 2013
Uma noite não são dias
Autor: Mário Zambujal
Referência: 2011, Editora Planeta, Lisboa
Páginas: 384
Foto de Mário Zambujal, 2012
– fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Zambujal
Em Uma noite não são dias somos transportados
a um retrato possível do mundo na segunda metade do século XXI. Ficção
científica com humor? História burlesca alternativa? Fábula para adultos?
Profecia de uma vida confortável e sem rumo?...
Como
acontece em outras obras de fantasia, os mundos imaginários são um projeção da
realidade em que vivemos, um extracto concentrado dos problemas e das dúvidas
que vivemos no quotidiano. Os personagens da fantasia são transposições das
pessoas dos nossos mundos. Colocando-os em situações mais ou menos diferentes,
os autores mostram-nos faces de nós mesmos que nem sempre gostamos de encarar,
riem-se do teatro que montamos para nós próprios e no qual chegamos a creditar
— terá havido alguma época em que as pessoas não falavam mal umas das outras?
Até que ponto é inaceitável um casamento com três cônjuges? Ainda alguém se
espanta por haver senhores muito ricos que enganam os outros para ficarem ainda
mais ricos?...
Excerto:
«— Olá,Grace.
»São os vizinhos do quadragésimo oitavo,
apartamento LN. Três: o advogado Túlio Carolino e suas mulheres, Silvana
Lutécia.
»Tornaram-se banais, neste novos tempos, as
ligações a três. E se Túlio tem duas parceiras, dona Teodorina, moradora em
frente, dispõe de uma dupla de prestáveis maridos. Correm rumores de que os
sova com um cinto cravejado de caricas de cerveja mas não é certo.
Estranhamente, nestes meados do século XXI, Portugal transformou-se num lugar
de boatos e maledicência. Os mais velhos dizem ter saudades das épocas em que
ninguém dizia mal de alguém. Agora é o que se vê (…) Uns dias antes
comentava-se que a ministra dos Cofres do Estado passava demasiados
fins-de-semana em Xangai. Com quem? — era a maldosa interrogação. Nem tudo,
porém, são notícias de fediver. Um naipe de banqueiros, gente de primeira fila
social, é acusado de depósitos excessivos nas suas próprias contas e senhores
de fortunas gordas vêm os seus nomes badalados pela suspeita menor de golpearem
o fisco.»
Mário
Zambujal fez carreira como jornalista, tendo trabalhado em vários jornais
famosos no seu tempo: O Século, Se7e, Tal & Qual, e 24 horas. Para além
destes, trabalhou no Record, no Diário de Notícias, na Rádio Comercial e na
RTP.
Em 1980
publicou Crónica dos bons malandros,
a primeira das suas, até agora, onze obras de ficção.
sexta-feira, 5 de abril de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
Visita virtual à capela sistina e ao Vaticano
Siga os links:
http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html
http://www.vatican.va/various/basiliche/san_pietro/vr_tour/index-en.html
Basílicas de S. Paulo Fora de Muros e de S. João d. Latrão
http://www.vatican.va/various/basiliche/san_giovanni/vr_tour/Media/VR/Lateran_Nave1/index.html
http://www.vatican.va/various/basiliche/san_giovanni/vr_tour/Media/VR/Lateran_Nave1/index.html
http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html
http://www.vatican.va/various/basiliche/san_pietro/vr_tour/index-en.html
Basílicas de S. Paulo Fora de Muros e de S. João d. Latrão
http://www.vatican.va/various/basiliche/san_giovanni/vr_tour/Media/VR/Lateran_Nave1/index.html
http://www.vatican.va/various/basiliche/san_giovanni/vr_tour/Media/VR/Lateran_Nave1/index.html
quarta-feira, 6 de março de 2013
Livro do Mês: Fevereiro de 2013

Livro do Mês
março de 2013
março de 2013
O varandim, seguido de Ocaso em Carvangel
Autor: Mário
de Carvalho
Referência:
2012, Porto editora, Lisboa
Páginas: 220
ISBN: 978-972-0-04412-9
O
autor: Mário
de Carvalho é um autor incontornável da língua portuguesa. A sua escrita é
rendilhada, intemporal e exigente. As suas ficções são lúcidas, inteligentes e
interpeladoras. Deliciam e, ao mesmo tempo, incomodam, obrigando-nos a procurar
os problemas com que suavemente nos acariciam.
O seu livro O varandim
seguido de O caso Carvangel inclui duas histórias cuja ação decorre num século passado e numa região
imaginária onde os nomes têm ressonâncias germânicas.
A
obra
Svidânia
é uma cidade acidentada, encavalitada nas montanhas. O ar húmido e bolorento
cheira a suspeita e a conspiração. Ergue-se um estrado que espera a execução de
uma sentença de morte. A opressão entra-nos pela pele enquanto esperamos os
próximos acontecimentos na atmosfera de salas escuras e silenciosas, de ruam
frias e lamacentas.
«Bernardo foi o primeiro a sair,
impondo-se o corpo ágil e tenso aos jesuítas. Dentro em pouco, todos os
passageiros da primeira classe se juntavam aos soldados e viajantes do
tejadilho, formando um grupo apinhado e compacto atrás do cocheiro e ajudante,
desbarretados e respeitosos. A rapariga desistiu das aparências e apoiou-se,
com determinação, no braço de Gaudner. Todos contemplavam, fascinados, o
espectáculo que se lhes oferecia, sob a velada palidez de um quarto minguante
macio.
»Para diante do claror dos fanais e da
vela discreta que mal alourava os vidros, a poucos passos dos cavalos, que deixavam
pender as cabeças, em submissão, despontava o eriçamento escuro duma massa
circular de animais que pareciam dispor-se concentricamente, até onde os
olhares podiam alcançar.
»— Cães? — atreveu-se Gaudner a
sussurrar.
»— Mabecos! Disse o cocheiro
rapidamente, virando apenas meia cara.
As respirações de milhares de canídeos
bafejavam o silêncio como um indeciso murmúrio de maré, muito distante. Todos
os viajantes estavam transidos de medo e de expectativa.»
sábado, 23 de fevereiro de 2013
domingo, 3 de fevereiro de 2013
Livro do mês - Fevereiro 2013
O livro dos homens sem luz
João Tordo
Edições D. quixote 2010, 10ª ed.
No
vasto mundo da literatura há espaço para muitos estilos. Alguns obrigam-nos a
ser corredores de fundo, atletas de alta competição da língua, e para eles vai
o nosso louvor, porque perpetuam o vocabulário que sacrificamos nos dias
comezinhos da nossa vida quotidiana. Outros, com a sua simplicidade, como muita
da literatura juvenil, também merecem o nosso louvor, porque são eles que nos abrem
as portas do palácio em que lemos por prazer e mergulhamos em excitantes
aventuras.
João
Tordo, por sua vez, pertence a uma outra classe: cativa-nos com um estilo
simples e enxuto, que não nos obriga a reler várias vezes a mesma frase, para
nos levar, antes que nos apercebamos, daquilo que na nossa vida dá que pensar. O
seu estilo recorda-nos Lev Tolstoi, George Orwell, Paul Auster, que procuraram
usar a transparência máxima das palavras para, através delas, nos mostrar tanto
as interrogações como os lampejos de beleza que, quando abrimos os olhos do
pensamento, encontramos na nossa própria vida.
Excerto da obra (páginas
142-143)
Eram três mulheres e dois
homens, e todos usavam roupas leves e coloridas, como se a sala pertencesse a
uma outra estação do ano. Os dois homens eram quase idênticos, de cabelos lisos
que reflectiam a luz como espelhos negros, lábios carnudos que se abriam em
sorrisos inocentes e vozes suaves e efeminadas. Elas sentavam-se do lado oposto
da mesa e tinham peles tingidas e rostos redondos e meigos. Eu e Victor ficámos
na esquina da mesa, um tanto afastados, e escutámos durante algum tempo uma
conversa numa língua estranha que nenhum de nós soube identificar.
«Não te assustes, isto é
mesmo assim», disse Victor baixinho. «A minha amiga Zehra explicou-me que eles
estão a ser iniciados.»
«Iniciados?»
«Olha para eles»,
segredou-me ao ouvido. «São puros. Ainda não foram tocados. Acabaram de chegar
a Londres. É a primeira noite que passam na companhia de mulheres.»
«É um ritual de
acasalamento?»
«Não, do acasalamento há-de
tratar a família. O que se passa a qui não pode sair desta sala. Se os pais
deles soubessem, nunca mais os deixavam entrar em casa. O que estão a fazer
é proibido.»
«Queres dizer que é ilegal?»
O cotovelo de Victor
pressionou-me as costelas.
«Não digas isso. Não é
ilegal, é apenas contra a tradição. Vê a coisa desta maneira: existem deuses em
jogo, e também existem demónios. Puxam para lados diferentes. Para o resto da
vida, esta gente vai acreditar na santidade do matrimónio e na pureza espiritual.
Esta noite é uma passagem para um lugar que eles desconhecem e ao qual não
poderão regressar.»
«O que é aquela coisa no
meio?»
«Aquilo», disse Victor,
arregalando os olhos, «é a porta para o além» (…)
Nota biográfica (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Tordo)
"Nasceu em Lisboa a 28 de Agosto de 1975,[1]
filho do cantor Fernando Tordo. Formou-se em Filosofia e estudou Jornalismo e Escrita Criativa em Londres e Nova Iorque.
Trabalha como guionista, depois de ter passado pelo jornalismo, tendo
publicado, entre outros, n' O Independente, Sábado, Jornal de
Letras, ELLE e a revista Egoísta. Escreveu, em parceria, o
guião para a longa metragem Amália, a Voz do Povo (2008). Foi vencedor do
prémio Jovens Criadores em 2001. Publicou cinco romances, O Livro dos
Homens Sem Luz (2004), Hotel Memória (2007), As Três Vidas (2009), O Bom
Inverno (2010)
e Anatomia dos Mártires (2011). Venceu o Prémio José Saramago com o romance As Três Vidas. Foi finalista dos prémios Portugal Telecom, Fernando
Namora, Melhor Livro de Ficção Narrativa da SPA e do Prémio Literário Europeu." Foi recentemente publicado o seu novo romance, O Ano
Sabático.
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